O rating de Portugal caía. Para o PSD, a explicação estava na circunstância de termos um governo minoritário. O rating de Portugal era alvo de novo downgrade. Para o PSD, a responsabilidade residia na falta de credibilidade do Eng. José Sócrates. As agências de rating voltavam a cortar a nossa notação outra vez. Para o PSD, tal corte devia-se à insuficiência das medidas do PEC IV.
Entretanto, o PSD ganha as eleições e forma um governo de coligação com o CDS. O rating da República cai. O PSD desta feita não apresenta explicações. Parece que, afinal, termos um governo maioritário era e é insuficiente para acalmar os mercados... O Governo toma posse. Passos Coelho é o novo Primeiro-Ministro de Portugal. Mas o rating continua a descer. Parece que, afinal, ter um primeiro-ministro credível não chega... a não ser que o PSD reconheça que Passos Coelho não tem credibilidade. Finalmente, o PSD anuncia um aumento extraordinário de impostos. Não por ser necessário, mas para estar prevenido para que o desse e viesse... E a Moody's desce o rating de Portugal 4 níveis de uma vez só e considera-o lixo. O PSD fica estupefacto e, ingenuamente, declara que a Moody's decerto não teve conhecimento atempado do aumento de impostos de que o PSD tanto se orgulha. Só falta esperar que, depois de analisar esta medida com cuidado, a Moody's rectifique a sua posição...
Será que desta vez o PSD vai perceber que o nosso rating e a taxa de juro das nossas obrigações de tesouro não dependem praticamente nada de nós? Que o que está em causa é a organização da União Europeia, a defesa do euro...? Que o problema e a sua solução estão na Europa? Espero que sim, para bem do nosso País. Mas temo que não, pelo espírito neoliberal que anima o Governo e por não terem sequer mencionado as questões europeias ao apresentar o programa de Governo.
E os nossos concidadãos? Que pensarão eles quando perceberem que lhes foram pedidos sacrifícios que não estavam acordados com a famosa Troika... e que esses sacrifícios são, infelizmente, irrelevantes para atingir o propósito de restabelecer a nossa credibilidade nos mercados financeiros internacionais?
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