sexta-feira, 15 de julho de 2011

Correlações e causalidades

Em tempos fez-se, ao longo de anos, um estudo nos EUA (onde é que havia de ser?) sobre os hábitos de vida dos habitantes de uma pequena cidade, para tentar inferir, das práticas alimentares e outras, consequências para a incidência de certos tipos de cancro. No farto manancial de dados alguém reparou que aqueles que viviam em prédios com elevador tinham, nitidamente tinham, uma maior incidência de algumas patologias daquela família. A hipótese de que os elevadores provocassem cancro era absurda, e por isso foi deixada cair. Se, porém, o absurdo não fosse patente e, mais ainda, se houvesse algum preconceito contra elevadores, aí estava a demonstração científica do disparate.

Lembrei-me disto a propósito deste texto, que abre com a afirmação "Detrás de la crisis de la deuda pública de los países periféricos de la eurozona (Grecia, Portugal, España e Irlanda) está un hecho político: todos estos países fueron gobernados por dictaduras y/o gobiernos autoritarios de ultraderecha en la mayoría del periodo que va desde los años cuarenta hasta los años ochenta del siglo pasado" e segue com a mirabolante demonstração do postulado. Conclui assim: "El hecho de que el Estado prefiera recortar el Estado del bienestar en lugar de hacer la reforma fiscal que el país necesita se debe a lo que se llamaba antes “poder de clase” y ahora se llama (erróneamente) “poder de los mercados”.

Fantástico: O país com mais sólida economia da UE teve também uma ditadura, entre 1933 e 1945. Mas, lá está, não foi entre os anos 40 e os anos 80 - se fosse, estaria agora afogado em dívida , isto segundo Vicenç Navarro, Catedrático de Políticas Públicas da Universidade Pompeu Fabra.

Nota: Cheguei a este artigo através de um post de uma minha adversária blogosférica de estimação, Joana Lopes.

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