Paulo Portas declarou há dias, com ar triunfante e sorridente, que o CDS estava à esquerda do PSD em questões sociais.
Tal declaração foi (mais) uma farpa dirigida ao PSD e a Pedro Passos Coelho. Isso é óbvio para todos. E a comunicação social foi unânime em reconhecer a acutilância de tal frase que poria (e de facto põe) a nu o carácter neoliberal do programa do PSD.
Parece-me, no entanto, que tal declaração tem um alcance muito mais profundo do que parece... Nessa frase singela, de forma consciente ou porventura de forma inadvertida (o que seria ainda mais significativo...) Portas orgulha-se de estar à esquerda do PSD em questões sociais.
Ora, tal orgulho só pode ter três interpretações possíveis:
(i) Em questões sociais, para o líder do CDS, a Esquerda pretende dar e dá maior protecção aos cidadãos mais desprotegidos. Por isso, é positivo estar mais à esquerda... que o PSD.
(ii) Sendo o CDS um partido democrático de direita, a afirmação de Portas coloca o PSD - no que se refere a questões sociais - na extrema-direita.
(iii) Em questões sociais, a Esquerda é mais progressista e, neste domínio, o PSD é um partido de extrema-direita.
Deixo aos leitores esta reflexão e a escolha da interpretação que preferem para as declarações de Portas. Mas lá que é engraçado e significativo ver o líder do CDS a gabar-se de estar à esquerda do PSD... é!
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