Confesso que tenho grandes expectativas para estes tempos, fundadas sobretudo na premência do que vivemos: (i) uma crise que é fundamentalmente nossa, embora agudizada por uma outra internacional, (ii) um novo governo de maioria (embora de coligação), um Presidente da República apoiado por essa mesma maioria e um compromisso programático assinado pelo, agora, maior partido da oposição e (iii) uma impossibilidade de continuar a viver com o mesmo modelo de até aqui.
Com este espírito, estive a ler o Programa do XIX Governo Constitucional, ontem apresentado.
Sem surpresa, de forma automática, os meus olhos correram para o capítulo "O Desafio do Futuro", que trata o tema da Educação.
Naturalmente que, tendo em conta que este documento reflecte as visões que já conheço do PSD e do CDS, não encontrei nada de muito novo. Mas há várias medidas que mereceram o meu entusiasmo:
- pareceu-me muito sensata a ideia de "criar consensos alargados sobre o plano estratégico de desenvolvimento [da Educação] tendo como horizonte temporal 2030",
- gostei de ver empenho na "criação de um sistema nacional de indicadores de avaliação" - para substituir o simplismo misleading dos rankings;
- encontrei com agrado uma abertura a parceiros da sociedade civil e ao mundo empresarial, assumindo que "as empresas devem ser incentivadas a apoiar os perfis profissionais" e até, como parte interessada, co-financiar uma rede de ensino profissional.
Por outro lado, ficou de fora um tema que, na minha opinião, é da maior importância, que é o relativo à capacitação, responsabilização e avaliação das lideranças escolares. É que para o sucesso de muitas das medidas, será fundamental contar com os directores das escolas.
No global, este documento é ainda, e necessariamente, muito macroscópico. A definição de prioridades e nuances, o calendário de execução e a orçamentação destas medidas serão críticas para percebermos o que efectivamente teremos pela frente. Assim como a capacidade de aprender com o passado pugnando pela transparência de informação e o envolvimento de todos os stakeholders.
De fundo, desejo que este "desafio de futuro" não se transforme - como noutras ocasiões- num desafio para um futuro que, por ser tão difícil e remoto, nunca chega a acontecer.
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