Joana Lopes, com a naturalidade que as suas convicções de esquerda implicam, entende as coisas ao contrário.
Na notícia (ASAE afastada de cozinhas das instituições sociais), a pergunta correcta não é por que razão o grau de exigência das cozinhas das instituições sociais há-de ser inferior ao dos restaurantes, mas sim por que razão os restaurantes, só para cumprirem as exigências de uma legislação megalómana, irrealista e com laivos de fascismo higiénico, hão-de continuar a ser submetidos a um regime legal tão absurdamente exigente que com frequência é necessária a contratação de especialistas só para ter a certeza de não se estar a ofender um norma qualquer elaborada por um cretino em Bruxelas, interpretada por um burocrata em Lisboa, sancionada por um político distraído, e aplicada por um agente fardado e, às vezes, armado.
Conheço uma instituição para deficientes que tinha várias cozinhas para centros diferentes. Nestas, adaptava-se a dieta às necessidades dos internados e fazia-se o que carinhosamente se chamava "mimos" (um cházinho para o menino que gostava de chá, por exemplo).
Uma direcção modernaça e pateta, assustada com o terrorismo da ASAE e pelo risco do jornalismo aponta-o-dedo, gastou uma pipa de dinheiro que não tinha a fazer uma cozinha central, com o maior respeito da parafernália legal, o que implicou a distribuição pelos centros, em carrinhas e dentro de contentores próprios, da comida a horas certas e com uma complicada logística.
A comida não é tão fresca como era, e nem sempre está quente. O menino já não tem chá. E eu não tenho paciência.
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