domingo, 31 de julho de 2011

A pérfida Cloé

O comentador diz que divergências entre líder do CDS e Alberto João Jardim não são boas para a coligação.

Augusto Gil escreveu esta poesia, que ouvi numa gravação de João Villaret:

Um dia uma víbora mordeu num pé
a pérfida Cloé.
Perguntarão:
Que sucedeu à pérfida Cloé?
Morreu?
Isso morreu ela...
Mal sentiu a mordidela.
Não teve febre, nem ardor, nem nada.
A bicha é que morreu envenenada.

Nomeações com transparência

O Governo criou, como prometera Passos Coelho, um site que publicita as nomeações políticas. É uma boa
medida que favorece a transparência e contém ímpetos despesistas.

Fico a aguardar, com a maior expectativa, a lista de entidades/organismos públicos a extinguir.

Nunca digas nunca

"O socialismo é um clientelismo de Estado! Levei 70 anos a descobrir."

Comme quoi o envelhecimento da população e o correlativo aumento da esperança média de vida autorizam-nos a ter esperança.

Mitos laborais

Há um mito muito difundido em Portugal, que não tem correspondência com a realidade, mas que vai fazendo o seu caminho:
os trabalhadores portugueses (por conta de outrem) trabalham 11 meses e recebem 14 salários.
Ora, como aqui e aqui já foi referido (cito a Direita Liberal para não ser suspeito), qualquer empresário racional pensa no salário dos seus trabalhadores sob um ponto de vista anual.
Fixa o valor anual que está disposto a pagar pelo trabalho e depois divide-o por 14.
Logo, as férias pagas, subsídio de férias e subsídio de Natal, não são "bónus", não acrescem ao salário, mas integram-no.

Falstaff

Alberto João Jardim lembrou: "Se os madeirenses têm que fazer sacrifícios" devido à situação de crise e às exigências da troika internacional ... também o Estado tem que nos ajudar a recuperar as finanças públicas da Madeira".

Os meus concidadãos madeirenses há mais de três décadas que fazem um negócio desonesto: Elegem e reelegem um pequeno Falstaff insular por este ter mão de mestre na manipulação do parte-e-reparte dos dinheiros públicos de modo a que a Madeira tenha a maior parte.

Espero (sem grande convicção) que o actual governo não ceda às jardinices do costume. Que Jardim desta vez não tenha agitado o espantalho independentista e se tenha ficado pelos insultos que toma por eloquência é mau sinal - tem fé que vai pela sesquicentésima vez poupar os Madeirenses aos sacrifícios dos cubanos do contenente.

O meu mundo e o mundo dos outros

Eu defendo que o meu horário de trabalho deve ser fixo porque tenho direito a poder viver a minha vida sem que os patrões me chateiem. Defendo que devo receber como paga do meu trabalho o 13º mês, o 14ºmês e ainda férias pagas. Defendo que não devo trabalhar dois dias por semana. Defendo que não me podem despedir mesmo que trabalhe pouco ou mal e que se me despedirem devo receber uma indemnização do patrão no mínimo de três meses de salário e um salário do estado durante 3 anos. Defendo que o patrão não me pode despedir mesmo que a empresa esteja a perder dinheiro. Defendo que as minhas funções na empresa não podem ser mudadas sem eu querer. Defendo que se eu estiver descontente posso deixar de trabalhar sem que me possam despedir. Defendo que devo poder deixar de trabalhar o mais cedo possível e continuar a receber o mesmo salário.

etc. etc.

e os outros que paguem

Ainda a flexibilização do mercado laboral

Como disse aqui, não faz sentido pretender "flexibilizar" apenas parte do "mercado" laboral.
Se se reduzem ou eliminam as indemnizações pelo despedimento de trabalhadores sem justa causa, também se deverão eliminar os prazos de pré-aviso (ou seu pagamento em dinheiro) devidos pelos trabalhadores às empresas quando se despedem sem justa causa.
Mas não só.
Devem ser declarados caducos e eliminados todos os pactos de não-concorrência, de exclusividade, de transmissão de propriedade intelectual e direitos de autor, ou quaisquer outros contratos de limitação da liberdade individual dos trabalhadores.
Ou há moralidade, ou comem todos.


sábado, 30 de julho de 2011

Universidade de Verão

Umas certas inquietações que me andavam a atazanar, ligadas à nova época do futebol, levaram-me a consultar o Bruxo de Fafe, que me sossegou quanto ao desenrolar do Campeonato (parece que o Céu vai continuar azul).

No consultório, caíram-me os olhos num jornal aberto nesta notícia, e lembrei-me de perguntar o que iria o Dr. Mário Soares dizer. O Bruxo pigarreou e murmurou que com políticos até os espíritos se enganam, mas um falecido ligado nestas coisas, que de pronto invocou para a ocasião, antevia o discurso assim:

Dantes havia grandes estadistas, como son ami Mitterrand, Delors, Kohl, Felipe Gonzalez e ele próprio. Agora não, são uns neoliberais medíocres e ridículos, a Senhora Merkel sobretudo, que presta excessiva atenção ao seu eleitorado. Este eleitorado está, como noutros países do Norte, a deslizar perigosamente para a Direita Neoliberal, senão mesmo xenófoba e racista.

É muito patriota e por isso entende que Portugal deve ser um estado federado europeu, republicano, laico, socialista e a receber fundos de coesão até à consumação dos séculos, para garantir o Estado Social, as empresas públicas, a Fundação Mário Soares e assim. Também o fado, a cortiça, o galo de Barcelos, a língua pós-acordo e tudo o que seja consensual, de esquerda moderada e republicana e laica e socialista merece ser preservado; o resto também, desde que não incomode muito.

O futuro é dos jovens, desde que se divirtam muito a estudar, fracturem bastante mas sem exageros, sejam europeístas convictos e republicanos e laicos e socialistas; os outros jovens também têm lugar, desde que não incomodem muito.

Se os dirigentes neo-liberais dos países ricos não quiserem sustentar os países que têm défices permanentes ou se os que não incomodam muito vierem a incomodar muito, então a Democracia, a Liberdade, os Estados Unidos da Europa e a visão de Monnet estarão em risco. Mas confia que os jovens presentes saberão estar à altura de Mitterrand, Delors, Kohl e dele próprio.

Vendo pelo preço a que comprei.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Resta-nos Paris

Via Carlos M. Fernandes cheguei a esta deliciosa recolha de declarações do Sócrates espanhol.

Ignoro o que Zapatero vai fazer do resto da sua vida. Mas dava um óptimo colega de curso - os Parisienses têm um longa tradição de acolher estadistas falhados.

Hierarquias trocadas

Sem energia eléctrica, sem bens alimentares e sem telecomunicações não poderia escrever este post.

Mas sem futebol poderia. E todavia discordo desta classificação e colocaria Pinto da Costa à cabeça: ele é o único que está exposto a uma concorrência verdadeiramente impiedosa, não precisa de ligações políticas, projecta o nome do País no exterior sem apoios públicos de monta, não tem clientes cativos e não faz parte de oligopólios. Soares dos Santos viria em 2º lugar (os restantes três nem sequer deveriam fazer parte da lista) mas apenas porque grandes ou médios industriais não vejo. E deveria ver - não estão lá porque está tudo trocado.

Pitadas de realidade

Musica da Semana

Como estamos perto do dia 1 de Agosto, não podiamos deixar de dedicar esta musica a todos aqueles que, a partir de dia 1, vão para o "Sol da Caparica", este ano com uma inovação: vão ter que ter trocos para a portagem.

A nódoa de azeite

Estou convencido de que mesmo que o governo que temos tenha sucesso na reforma do Estado e consiga reduzir primeiro e eliminar depois os défices orçamentais; mesmo que venhamos a ter, num futuro distante, excedentes orçamentais primários sem os quais a dívida pública não pode diminuir: a pertença ao Euro faz parte do problema e não da solução.

É por isso que aprecio tanto este tipo: talvez fruto da nossa memória genética tribal, se tal coisa existe, simpatizamos automaticamente com quem, sobretudo quando se pertence a uma insignificante - entre nós - minoria, raciocina da mesma maneira e chega às mesmas conclusões.

Desta vez, o caso é Chipre, uma ilha com menos habitantes do que a região de Lisboa e que, talvez por isso, está fora do radar das notícias. Mas não é preciso ter interesse por Chipre para valer a pena a visita ao blogue.

O Novo PS

É espantoso, mas é verdade.

O PS criticou, ontem, no Parlamento uma proposta que ele próprio negociou em Março passado, em sede de concertação social, quando ainda estava no governo.

Não podemos olvidar que grande parte dos deputados do PS (e dos apoiantes de Seguro) não são novos no partido, apoiaram o antigo governo e muitos até pertenceram ao mesmo.

Não é de admirar que dentro de pouco tempo estejam a criticar as medidas constantes do memorandum assinado com a "Troika" que eles próprios negociaram (que Sócrates considerou mesmo como uma vitória), tentando assim impedir, a todo o custo, o sucesso deste governo e a governabilidade do País.

Isto espelha bem quem é o Partido Socialista. Um partido cujos seus membros não olham a meios para atingir os seus fins, mesmo que esses meios prejudiquem Portugal.

O que tem de ser tem muita força

Ah bom, que eu já estava a começar a pensar que o Governo achava que é possível curar gangrenas com pensos rápidos.

Eu sei que estamos a falar de pessoas, mas o pleno emprego até em Cuba está em marcha-atrás. Depois, se a parte da população que é contribuinte líquida (isto é, que paga mais ao Estado do que o que dele recebe) trabalha sem garantias, qual a razão para haver categorias de cidadãos que têm uma espécie de direito divino a que a comunidade os sustente, quer o que fazem seja quer não seja necessário?

Não vale dizer que pagaram para isso, porque não chega - nem por sombras.

Tropelias verbais

O desempenho do PM no debate parlamentar, bem como dos seus colegas de executivo noutros fóruns, mostra que o dom da palavra não é um talento deste governo...

Terá contado com Nogueira Leite, Rebelo de Sousa, et al?

Medina Carreira ameaça baixar rating da Noruega

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Afinal...


Já se conseguiu encontrar o desvio colossal ou não?

Outras incoerências

O mesmo Governo que quer reduzir as indemnizações que as empresas devem aos trabalhadores quando os despedem sem justa causa, não mexe nas indemnizações que os trabalhadores devem às empresas quando estes se despedem.

Incoerências

O mesmo Governo que quer criar um fundo para pagar os despedimentos dos trabalhadores, quer também reduzir as indemnizações por despedimento sem justa causa para 10 dias de salário por cada ano de antiguidade...

A incontinência verbal

Banco de Portugal propõe corte da TSU só nos novos contratos

O Senhor Governador do Banco de Portugal aparece com inusitada frequência nos noticiários a ilustrar-nos com a sua clarividência e a pronunciar-se ex cathedra sobre questões de política económica.

Que o Senhor Ministro das Finanças, ou o Governo, ou os membros do Governo, arrolem os serviços de quem de todo o modo vive do erário público, para que estudem, analisem e aconselhem, está na ordem natural das coisas. Mas não está na ordem natural das coisas que os consultados desatem a cacarejar na praça pública o que lhes vai nas almas, que imaginam puras, e nas cabeças, que supõem privilegiadas.

O meu irrelevante voto nas últimas eleições foi a favor deste arranjo que nos governa e, sobre a redução da TSU, tenho opiniões claras.

Mas eu sou um privatus: Não sou funcionário superior da Administração Pública, não detenho imperium de nenhum tipo, e digo legitimamente o que me parece sobre o que me pareça.

O Senhor Governador não deve ter a mesma liberdade que eu tenho: porque o Governo responde perante mim e os meus concidadãos; e o Senhor Governador devia responder perante quem foi eleito, com a independência que o seu estatuto exige, mas não mais do que isso.

Por isso, faça-nos e a si mesmo um favor: cale-se. Já basta termos que aturar a pesporrência dos seus colegas no BCE.

O bom-senso a arder

Bombeiros sentem falta da ajuda dos governadores civis

Parece que afinal os governadores civis não serviam apenas para emitir passaportes, também tinham telemóveis.

A Liga dos Bombeiros não tem?

Em defesa dos ricos, ou nem tanto

A Justiça está doente - doença crónica, antiga, resistente aos antibióticos e aparentemente incurável.

Mas o doente ainda mexe, como se pode ver por esta notícia: afinal os indivíduos, mesmo que sejam presumivelmente ricos (um estigma que só desaparece com a extinção da riqueza), têm direitos - contra o Banco de Portugal, essa instituição que se transformou com Vitor Constâncio numa agência de supervisão dos clientes dos bancos e de previsões económicas infalivelmente erradas, e o Estado, que teoricamente somos todos mas na prática é quem o administra em nosso nome.

Sanções para os ineptos que pontapeiam o Estado de Direito? Isso não, que tinham as melhores das intenções.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ókintelektualkeusou

Os cantores deviam cantar e, no resto do tempo, estar calados.

Porque, quando falam, dizem um impressionante chorrilho de banalidades, embrulhadas no que imaginam ser observações profundas: "O vinho é para mim um acto cultural", "onde está a grande nobreza do vinho", "a natureza é pródiga" e "gente bonita vindima com gosto".

Pelo menos alguns cantores.

Agarrem-me senão eu vou...

"O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, disponibilizou-se para ser o candidato do movimento ‘Isaltino, Oeiras Mais à Frente’ (IOMAF) à Assembleia Municipal nas próximas autárquicas." (aqui)

A ASAE da Cosmética

Desta vez as pobres queridas das cidadãs inglesas safaram-se: os malditos produtores de cosméticos, levando a manipulação de imagens ao paroxismo, quiseram fazer passar a ideia de que Julia Roberts era perfeita e, pior, que quem borrasse a cara com o unguento deles ficava tão perfeito como ela.

Felizmente, Big Brother knows best: Já não há o risco de as inglesas serem enganadas - desta vez. Continuam feias, mas, ao menos, sem ilusões.

Oxalá

Roubini diz que Portugal tem 30% de probabilidades de sair do euro

As previsões de economistas valem tanto como as dos astrólogos - nenhuma pessoa com os pés na terra regula a sua vida pelo que dizem uns e outros, ainda que, como dizem tudo e o contrário de tudo, haja sempre quem acerte.

Por mim, hesito entre o fim do Euro porque os países com economia débil saem ou porque sai a Alemanha.

Também tenho direito a palpites, embora - suspiro - ninguém me pague pelos meus.

Constatações

Pela leitura dos posts desta semana do nosso Blogue, constatamos que o pessoal do CDS (à excepção do JMG) e do PSD devem estar de férias...

Alucinações

Uma a uma, vão sendo iluminadas pela luz crua da Verdade as visões dispendiosas do demiurgo Sócrates e do adjunto que dá aulas sobre a indústria dos palitos no alto dos montes.

Mais um apagão energético na REN?

Os primeiros sinais de cegueira estratégica da política energética deste governo são preocupantes. A par da preferência por alemães e franceses para controlo da EDP, outra intenção do Governo é desblindar os estatutos da REN para esta poder ser controlada por empresas do sector energético.

Será que é respeitar as regras da «livre concorrência» quando se abre a possibilidade de uma empresa poder controlar uma infra-estrutura monopolista sobre a qual reside o seu negócio? Os neoliberais respondem que a regulação do sector irá contrariar as tentações de «captura do sistema».

Para vermos os resultados desta perspectiva de regulação na circulação livre de capitais nas estruturas empresariais, independentemente da sua origem e percentagem de controlo, temos um bom exemplo bem actual: a actual crise financeira.

Será que não se coloca em causa a segurança nacional ao dar a empresas o controle da infra-estrutura de transporte e distribuição de um bem essencial como a energia? Imaginemos o que seria uma Gazprom a controlar uma empresa como a REN ou um accionista com maioria de capital espanhol...

Portugueses de 2.ª categoria

Ora vamos lá ver se percebo:
  • Aumentam os preços dos transportes (menos para o Mota Amaral), mas os pobrezinhos vão ter acesso a um passe especial;
  • Aumenta o custo de vida, mas os pobrezinhos vão ter acesso a um cartão social que dará acesso a alimentos;
  • Aumentam as taxas moderadoras, mas os pobrezinhos vão ter acesso a um cartão especial que os isentará.
Já estou a imaginar o cartão que os neoliberais no Governo, à falta de um acessório para se usar na roupa, vão criar para os novos portugueses de segunda categoria:

terça-feira, 26 de julho de 2011

E disse isso sem se rir!

Cavaco disse há poucos meses que havia limites para os sacrifícios impostos aos portugueses.
Agora diz que a sua «preocupação está acima de tudo naqueles que, por não terem rendimentos suficientes, não pagam qualquer imposto extraordinário».

O Louco

Nuno Rogeiro acaba de dizer, na SIC Notícias que Anders Behring Breivik tem uma predilecção pelo número 22 (dia em que o massacre foi levado a cabo).
Breivik o Louco, portanto...

Sic transit gloria mundi

Nova administração, para nos distrair acomodando (o que eu gosto desta expressão) as trapalhadas da anterior enquanto distribui as vagas pelos compagnons de route do regime.

O silêncio é de ouro

Tavares Moreira desanca aqui alguns banqueiros ainda no activo, por causa da reivindicação recente de pagamento de dívidas do Estado à banca.

Até onde alcança o senso de quem não conhece o meio, Tavares acerta-as todas na mouche.

Eu sou do tempo - e não, não me aborreçam, não me refiro ao tempo da Velha Senhora - em que certas categorias profissionais não vinham para a praça pública agitar as águas. Uma dessas categorias, notável pela sua discrição, era precisamente a dos banqueiros: o peso das palavras não é o mesmo para todas as pessoas, porque o que alguns dizem tem consequências que os deveriam levar a exercitar a difícil arte de estar calado.

Se quiserem manifestar opiniões que abalem uma confiança que já está por demais abalada, Senhores banqueiros, façam-nos um favor: demitam-se dos vossos lugares e, no gozo merecido ou imerecido das vossas douradas reformas, venham queixar-se da situação que ajudaram a criar.

Os juros de Espanha e de Itália continuam a subir

Será por causa de Sócrates? Será por causa do PS? Será por causa de um Governo minoritário? Ou será que o PSD agora tem outras explicações?

E não será melhor pedirem já a intervenção da Troika? Ou será que o PSD não quer para os outros aquilo que quis para nós?

Deve ser impressão minha

Deve ser impressão minha, mas o imposto extraordinário foi primeiramente justificado como uma medida preventiva e só depois foi justificado com o fantasma do desvio colossal...

Deve ser impressão minha ter lido no jornal Povo Livre que há um défice colossal. Afinal não há. Passos Coelho já desmentiu tê-lo dito. E já negou a existência de um défice colossal.

Deve ser impressão minha ter ouvido Passos Coelho dizer que tínhamos um desvio superior a 2 mil milhões de euros. O Ministro das Finanças já o desmetiu e o Primeiro-Ministro calou-se.

Deve ser impressão minha o Ministro das Finanças não ter conseguido quantificar o suposto desvio. Afinal de contas, o PSD e o CDS não tinham prometido total transparência nas contas públicas? Mas, depois, percebi, ao ler Expresso deste fim-de-semana... O problema é que a execução orçamental está a correr mesmo bem e até há folga orçamental...

Deve ser impressão minha... mas, afinal, tudo bate certo. Não há desvio colossal e o imposto extraordinário é mesmo uma medida preventiva. Assim, tudo fica claro, não fica?

Falta de diplomacia. Parte II

Ah! E, ainda por cima, Passos Coelho chama Braga de Macedo, inimigo figadal de Portas, para coordenar a nossa diplomacia económica...

Como se sentirá Portas por ser imediatamente esvaziado de poderes a favor de um dos seus inimigos? Gostava de ser mosca... E também gostava de saber como vai o ambiente na coligação para os dois partidos e os dois líderes se atacarem de uma forma tão ostensiva logo no início da governação... Gostava, de facto, de ser mosca...

Caixa Geral de Depósitos. Algumas questões?

Os novos administradores entendem que a CGD deve permanecer nas mãos do Estado? Ou acham que devia ser privatizada? Talvez não fosse mal esclarecerem tal questão e algo mais...

Se acham que devia ser privatizada, porque aceitaram o cargo? Para a privatizarem ou por outros motivos? Quais?

Se acham que não deve ser privatizada, como vêem a posição daquele banco no actual sistema financeiro?

Falta de diplomacia

Paulo Portas considera a diplomacia económica a sua tarefa mais essencial.

Passos Coelho chama a si a tutela da AICEP e a diplomacia económica.

Faz sentido, não faz?

Concorrência, a mãe de todos os perigos

José Fragoso acha que o que eu pago para sustentar o que chama de "serviço público de televisão" é "razoável"; e que é minha obrigação garantir que a empresa em que Fragoso trabalha não seja exposta a um grau de concorrência que a ponha em risco; e que, por conseguinte, eu tenho de uma maneira ou de outra sustentar Fragoso e a turba imensa dos Fragosos.

Acho a lógica de Fragoso irrefragável.

O vil ataque na Noruega leva-me a evocar a letra de uma das mais belas canções de sempre

Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky

Imagine all the people
Living for today...
Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too

Imagine all the people
Living life in peace...
You may say I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man

Imagine all the people
Sharing all the world...
You may say I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will live as one

A micose burocrática

"Os apanhadores de cogumelos silvestres que se dedicam à sua comercialização vão ser, a breve prazo, obrigados a ter uma carta de apanhador. A determinação consta do novo regulamento florestal, a publicar até ao final do ano."

Referindo que "o mundo micológico é fantástico", Eliseu Amaro sublinha que "a riqueza gastronómica dos cogumelos é inesgotável e cada vez mais apreciada".

Eu acho esta regulamentação excessivamente tímida. Para quando uma Ordem dos Apanhadores de Cogumelos?

Se se trata de proteger o ambiente e os apanhadores de cogumelos que pertencem à seita, os segundos à boleia do primeiro, uma Ordem (com quotas, exames de admissão, funcionários, regulamentos internos e externos, diplomas e tudo a que o verdadeiro apanhador tem direito) parecer-me-ia bastante mais eficaz.

Fica a sugestão.

Amor de Pais (ou País)

Kátia Catulo, uma jornalista que não conheço, conta a história: Falsificar documentos, arrendar casas, abdicar da tutela dos filhos ou pressionar directores são esquemas usados para escolher a escola pública.

A gente vai lendo e a peça jornalística revela-se com aquele ar inconfundível da verdade, por ser validada pela nossa experiência de vida de Portugueses, mesmo que não tenhamos nenhum conhecimento dos assuntos em apreço. Já perto do fim, aparece um Sr. Carlos Santos, da secundária Dr. Joaquim de Carvalho, na Figueira da Foz, que assegura que exige comprovativos para tudo: recibos de água, luz, renda e tudo o que dificulte a fraude.

Confesso que o Sr. Carlos Santos ficou a ocupar, na hierarquia da minha desestima, um lugar de relevo. Eu acho que se deve cumprir "the law of the land", em teoria; mas, na prática, sou Português.

Wacko Studies V

Um casal que decide criar um chimpanzé como se fosse uma criança é original e completamente chanfrado - fica bem nesta série.

É certo que o excesso de permissividade que há décadas é a regra na educação de crianças, à boleia de teorias pedagógicas desencontradas que desnorteiam e paralisam os pais, tem levado a que muitas crianças se comportem como chimpanzés - mas isso agora não é para aqui.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

400 mil milhões é mesmo muito dinheiro

Esta pode ser a dívida da Grécia se o gregos não acreditarem que o buraco onde se meteram tem saída. O incumprimento ou falência dos países só acontece quando os seus habitantes deixam de acreditar neles. Parece cada vez mais que os gregos já não acreditam neles. E nós?

Vamos pagar os nossos impostos? Vamos olhar para a nossa balança comercial? Vamos investir em activos que aumentem a produtividade? Manter cá os nossos depósitos?

O primeiro sinal de que não acreditamos em nós próprios é a fuga de capitais dos portugueses. Componente essencial da tal estabilidade (ou instabilidade) financeira de que o ministro falou...

Uma medida que não preocupa Mota Amaral

O bilhete simples no Metro de Lisboa vai aumentar 17% e o passe mensal 22%.
Nada que preocupe Mota Amaral, portanto.

Graças a Deus

Ainda bem que nenhum de nós foi para o Governo, assim safámo-nos de pertencer à lista do Pacheco Pereira

Os novos psicopatas americanos: Tea Party e a elite financista


Ao fim de uma quantidade significativa de assassínios, Patrick Bateman, o fútil yuppie financeiro serial-killer de American Psycho, confessou-os a toda a gente - mas ninguém acreditou nele, pois todos tinham a percepção de que era um cobarde. E no final do romance, o leitor fica com a dúvida se os assassínios foram mesmo cometidos ou se são um delírio psicótico de Bateman.

Pois bem, é dessa forma que agora se pode classificar a atitude da direita americana, com a elite financista do Partido Republicano irresponsavelmente aliada ao radicalismo do Tea Party. Os republicanos comportam-se como psicopatas, dispostos a provocar uma descida de rating dos EUA para «assassinar» politicamente Obama.

Ameaçam, mas ninguém parece acreditar, por agora, que é mesmo a sério. Será que é um delírio psicótico?

No dia 2 de Agosto, iremos saber.

O direito à felicidade

O novo líder do PS acusou hoje o Governo de querer “tratar os jovens como jovens a dias, com menos direitos e nenhumas garantias”, referindo-se à intenção do executivo de reduzir as indemnizações por cessação do contrato de trabalho” António Seguro, in Público.

Esta frase inquietou-me. Este tema, dos direitos dos nossos jovens, tem sido para mim matéria de perturbação e de reflexão.

Nem de propósito, chegou-me recentemente pelas mãos de uma amiga, um artigo de uma cronista brasileira – Eliane Brum – que diz isto:

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. (…) E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.”

E continua, num texto cuja leitura integral recomendo: a pais, educadores em geral e políticos.

Porque releva a todos saber que sociedade estamos, mesmo que bem intencionadamente, a construir. Que valores implícitos passamos nas conversas que temos em todos os momentos educativos, dos quais os discursos públicos não são excepção?

Concerteza que desejamos para os nossos filhos (para os filhos da nossa nação) o melhor. Mas sendo este nosso “desejo” garantido, o “melhor” não o pode ser. Nalguma medida depende de coisas que não controlamos como a sorte ou a circunstância e, noutra medida, do esforço e das escolhas de cada um.

Retomo este belíssimo texto para concluir:

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência. Crescer é compreender que o fato de a vida ser falha não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba”.

Wacko Studies IV

Este estudo é sobre uma área sensível. Mas não, não são os pesticidas - é o aquecimento global, uma verdadeira mina para estudos, previsões de cataclismos sortidos, e agendas políticas várias a vender soluções para os problemas que os estudos criam.

Por mim, acho indecente que o Árctico se permita desrespeitar a Convenção de Estocolmo, de 2004, embora tenha a secreta esperança de que estas substâncias deletérias se escapulam pelo buraco de ozono - se ainda lá estiver, tem andado arredio dos jornais.

Raciocínios abstrusos

O homem defende a dama dele - não se pode levar a mal.

Mas, se quer que o Estado pague o que deve aos bancos e diz nada sobre o que o Estado deve às empresas, o que está realmente a dizer é que o Estado deve pagar aos bancos para estes poderem emprestar às empresas que são credoras do Estado.

E isto pode-se levar a mal.

Pergunta excessivamente ingénua

Se o que Nafissatou Diallo recebeu para dar esta entrevista for mais ou menos o mesmo que Dominique Strauss-Kahn vai despender em honorários de advogados, podemos falar em justiça redistributiva?

Um apagão energético colossal?

A intenção do governo vender a posição na EDP em bloco - de preferência a alemães e franceses - com o intuito de maximizar o encaixe financeiro é mais um sinal revelador do espírito «eurocrata financista» de Vítor Gaspar na (in)defesa dos interesses nacionais, com o aval de Passos Coelho. Aliás, um modo estar já manifestado na proposta de redução das taxas de juro do empréstimo a Portugal, que Vítor Gaspar considerou «prematura».

A preferência por alemães e franceses revela uma cegueira estratégica preocupante neste executivo, toldada pela perspectiva «eurocrata merkelista». Com efeito, a venda da EDP a alemães e franceses não irá trazer os aparentes benefícios de uma atitude mais beneplácita de Merkel e de Sarkozy face à situação portuguesa.

Pelo contrário, só irá subjugar mais Portugal e arrastar o país para uma das frentes do take-over energético que a Rússia está a operar com a aquisição das centrais de gás alemãs e holandesas, apertando o cerco ao Leste europeu. A entrada de uma empresa alemã na EDP significaria a prazo a extensão da influência russa na Península Ibérica, perdendo Portugal a sua vantagem geoestratégica de alternativa de abastecimento de gás natural pela via liquefeita.

Em contraste, para Portugal conseguir ganhar margem de manobra para operar em geometria variável no actual redesenho de equilíbrios de poder na economia global, a preferência pela venda da EDP deveria estar centrada nas potências emergentes, como o Brasil e a China.

O Brasil, pela óbvia escala do mercado - é maior fonte de lucro da EDP - e pela janela de oportunidade de criação de um mercado energético integrado no espaço lusófono, com implicações positivas no aumento das exportações portuguesas. A China, por ser o líder dos BRIC e que, com a venda da EDP à China Power, poder abrir uma oportunidade para melhorar o acesso dos produtos portugueses ao mercado do Império do Meio.

Portanto, a venda de activos como a EDP não deve ter como objectivo único a maximização financeira, mas também a criação de potenciais vantagens geoeconómicas para Portugal nas grandes economias emergentes.

Mas se Passos Coelho e Vítor Gaspar insistirem na atitude «socrática» de não escutar os gestores das empresas em causa, vão cometer um erro estratégico colossal. A Alemanha e a França desmantelarão a massa crítica fundamental da 4ª maior empresa mundial de electricidade renovável para seu próprio benefício.

António José Seguro contrasta com uma certa boa tradição do PS

O percurso de António José Seguro é pouco auspicioso. Não tem a preparação conferida por um sólido ensino universitário, não tem experiência profissional relevante fora da política, nem expertise em nenhuma área do conhecimento.

Ao contrário do que alguns socialistas dizem, julgo que António José Seguro não honra uma certa tradição de boa qualidade das lideranças do PS, de que Soares, Sampaio e Guterres são, esses sim, bons exemplos.

Terrorismos selectivos

Francisco Mendes da Silva sente-se satisfeito pela justiça não ir ser atrapalhada pelo "arrependimento antropológico ocidental" e, vai daí, Sérgio Lavos qualifica-o de "escriba" e confessa: "Não percebo muito bem o alcance da expressão, e provavelmente é melhor que não perceba, tão perto ela está de algumas ideias expressas em fórums neonazis e no testamento espiritual do terrorista norueguês."

Eu entendo perfeitamente o alcance da expressão. E subscrevo-a, quer ela esteja quer não esteja perto das ideias e do testamento, mesmo que não conheça os fora e não tenha lido o papel. E isto porque comprar algumas ideias dos catálogos nacionalista e da direita (não é o mesmo catálogo) não é a mesma coisa que defender terroristas; como não é a mesma coisa ser Muçulmano e defender a Al-Qaeda. Sérgio Lavos, of all people, devia saber isto.

Isto digo eu. Francisco Mendes da Silva dirá, se o entender, o que entender.

domingo, 24 de julho de 2011

Wacko Studies III

Os resultados deste estudo vêm reforçar a convicção daqueles que acham que o aumento da representação feminina via sistema de quotas no Poder Político não pode senão levar a uma sensível degradação dos padrões de comportamento.

Depois, as suspeições em torno de escutas telefónicas, que já são avassaladoras, evoluiriam para tórridas ou aterradoras, consoante as interessadas. E os interessados.

Não é ele: somos todos.



Não é difícil perceber que estas manifestações do mal são derivados tortuosos da volatilidade do nosso presente e da incerteza sobre o nosso futuro. Seja por medo ou por convicção, o certo é que os ideólogos do integralismo e do ódio aos “cidadãos sem estado” já representam cerca de vinte por cento dos eleitores europeus. Estaremos outra vez a caminho da “banalização do mal” arendtiana?



O estertor do condicionalismo

Curiosa a guerra que a Impresa faz à Ongoing...
Ainda assim, o meu pensamento é o aqui vertido.

A vitória de António José Seguro (5)

Sabemos que Francisco Assis tinha sido indicado por José Sócrates como seu sucessor (na indisponibilidade de António Costa, destinado a vôos mais altos), o que justifica que a maioria das tropas "socráticas" tenha apoiado Assis.
Não deixa por isso ser motivo de reflexão que, poucos meses após uma eleição com resultado tão esmagador (mais de 90%, quase como as vitórias de Paulo Portas no CDS), o "Partido de Sócrates" tenha agora sido derrotado de forma tão evidente.
Apesar de tudo, agora é tempo de unidade interna e de trabalho pela defesa dos interesses de todos os portugueses e não apenas dos que obtêm dividendos e rendimentos de capital...

A vitória de António José Seguro (4)

Excelente discurso de vitória, sublinhando as muitas ideias que foi apresentando e relembrando durante a campanha interna.

A vitória de António José Seguro (3)

Agora é continuar a trabalhar por Portugal!

sábado, 23 de julho de 2011

A vitória de António José Seguro (2)

António José Seguro conseguiu reunir cerca de dois terços dos votos expressos pelos militantes socialistas.
É uma vitória expressiva que demonstra a opção inequívoca dos socialistas pelo Novo Ciclo, e é uma vitória valorizada pelos votos que Assis recolheu.

A vitória de António José Seguro

Eu, pela secção dos Olivais, e o Ruben Eiras, pela secção de Alcântara, fomos eleitos Delegados ao próximo Congresso do Partido Socialista.

Da loucura

Não sabemos porquê.
A verdade é que alguém que estava inserido na sociedade, militante de um partido político, frequentador de uma igreja pacífica, empresário agrícola e membro de uma sociedade progressista como a Noruega, cometeu um crime horrendo, premeditado e calculado.
Alguém com todas as condições para ser feliz e ajudar outras pessoas a serem felizes deixou-se conquistar pela loucura.

Serviço de Tradução

José Manuel Pureza escreveu um texto no dialecto da tribo a que pertence (uma das que constituem a Grande Nação da Esquerda), conhecida pelos seus estranhos rituais que envolvem mistura de água e azeite ("água" no dialecto da tribo, o Lunatiquês, significa "igualdade económica" e "azeite" quer dizer "liberdade").

A benefício de quem tem dificuldades na compreensão do dialecto, repesco algumas das frases que representam as ideias-força do artigo (em itálico), traduzindo-as para Português:

... os programas de austeridade não serão beliscados.

O Conselho quer que os países devedores paguem o que devem.

...as privatizações baratas dos bens comuns se mantêm como receita.

As privatizações baratas não se devem fazer porque são malbaratação de bens públicos; e, se forem caras, também não porque são transferência de recursos para os privados.

Emagrecer a parte da economia que se relaciona com a grande maioria das pessoas e engordar até à obesidade mórbida os que mais têm.

Retirar o Estado de onde não deve estar e aceitar que nem sempre há pobres por causa de haver ricos.

Bruxelas insiste em segmentar uma crise que é europeia e não de cada país.

Bruxelas insiste em penalizar países que se deixaram chegar a níveis de endividamento incomportáveis pela economia que têm.

À Esquerda cabe desmontar o engodo nacionalista.

À Esquerda cabe transformar Portugal no Arkansas da Europa. (Nota do tradutor: o Arkansas é um estado americano famoso pelo tamanho das melancias que produz, razão pela qual, dos estados americanos pobres, é o que mais se aproxima do que o autor quer dizer. Se porém houvesse um estado famoso pelos melões, seria esse o indicado: o Lunatiquês, com efeito, põe-nos a cabeça como melões).

eleições no PS

Assis Acusa Seguro de Fraude

Começam bem.

Musica da Semana

Com um pequeno atraso, aqui fica a musica da semana, decidida em Reunião geral do Blog,

É a nossa ddicatória aos camaradas Seguros e Assis.



Agradecimento ao you tube e blog do anao

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Wacko Studies II

Jane Green, da Universidade de Oxford, estabeleceu com rigor e confiança uma relação entre a altura das pessoas e o aumento da probabilidade de se ser vítima de certos tipos de cancros, nomeadamente colo-rectal, melanoma, mama e ovários.

Um novo estudo, do qual tive conhecimento via Insurgente, vem estabelecer uma relação de compensação entre o tamanho do pénis e o crescimento económico dos países. Esta maravilhosa descoberta Finlandesa, tão lisonjeira para nós Portugueses, deixará porventura muito leitor céptico.

À cautela e numa nota pessoal que se me perdoará, sempre vou dizendo que a vida, do ponto de vista material, já me correu melhor.

Líder da Oposição

Erros clássicos

“In the long run we are all dead” - toda a gente sabe isto, Keynes faz parte daquele restrito grupo de gigantes cujos ditos inspirados passaram a fazer tão parte da sabedoria comum que esquecemos quem primeiro os inventou.

Neste artigo Daniel Hannan lembra que não é verdade. Ou, pelo menos, não é verdade do ponto de vista daqueles que, ao contrário de Keynes, têm filhos.

E nisto Daniel has a point.

Opróbrio no primeiro despacho de Assunção Esteves

O primeiro despacho da Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, foi o de «atribuir a viatura BMW, modelo 320, com a matrícula 86-GU-77, para uso pessoal» de Mota Amaral, por o mesmo ser ex-Presidente da Assembleia da República (além de dois gabinetes no "andar nobre" do Palácio de São Bento, uma secretária pessoal e um motorista).
É tudo legal, claro, mesmo que o "uso pessoal" não esteja previsto nos fundamentos invocados por Assunção Esteves e seja portanto um bónus.
Em tempos de cortes salariais, de impostos extraordinários sobre os trabalhadores e de aumento dos preços dos transportes públicos, o primeiro Despacho de Assunção Esteves não podia ser mais obsceno.

Afinal não há desvio colossal

É a garantia de Passos Coelho.

Só não se percebe porque é que não o desmentiu antes e permitiu que essa falsa notícia fosse divulgada durante dias e dias... com prejuízo para Portugal.

(Não) Liderar pelo exemplo.

Os mesmos partidos - PCP e BE - que recusaram reunir com a Troyka em Abril, porque "não se subordinavam ao capital internacional", subordinaram-se hoje ao mesmo pedindo uma redução das taxas de juro.

Faz lembrar aqueles alunos, em geral maus e irresponsáveis, que não estudam mas pedem ao professor para lhes dar o "10"...

PS- Registe-se que eu não sou masoquista e que considero as taxas de juro inicialmente propostas demasiado elevadas...

Pelo claro... em tudo


Percebo a ideia.

Será que, no mesmo espírito de revelação de custos quando há dinheiro público envolvido, a Helena também reclamará que os Bancos (beneficiários de garantias públicas, etc.) incluam nas suas comunicações "esta comissão custa-lhe... mas o seu valor real é...", ou que as empresas que beneficiam de incentivos públicos, fiscais ou não, informem que "este produto custa-lhe.... mas o seu valor real é..."?

Da punição

Ontem a Europa, apercebendo-se do perigosíssimo caminho que trilhava rumo a um conflito de dimensão e natureza imprevisíveis, aliviou a punição a exercer sobre os países que estão sob a artilharia financeira.

Ontem o Governo português aprovou mais uma medida de punição da classe média, que se suburbanizou em consequência das políticas de Cavaco Silva e agora é castigada por "não ser racional" quanto ao locais em que vive e em que trabalha...

As dívidas crescentemente diminutas

Nós leigos ficamos esmagados com o prestígio académico. Se forem sociólogos albardados de notoriedade, então, não resistimos.

Pelo que se percebe destas declarações, parece que em extinguindo as agências de notação e em criando dinheiro por decisão política, os problemas acabam.

Conheci em tempos um cavalheiro que já bastantemente adiantado na idade tinha uma opinião não menos expedita. O problema das dívidas, dizia, resolve-se por uma Lei com apenas dois artigos:

Artº 1º - Ninguém deve nada a ninguém.

Artº 2º - Fica revogada toda a legislação em contrário.

Vou dormir descansado.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Reforçar a Confiança no Euro

Defendemos aqui que o Euro era e é um projecto de grande sucesso e que isso era um marco estruturante.

Depois, defendemos também aqui que a entrada da Itália no "grupo dos aflitos" podia bem ser o fim do princípio

As notícias sobre o novo plano para a Grécia e o aliviar dos juros a Portugal, constituem boas notícias que reforçam a confiança em torno do Euro.

Os Arrendamentos do MJ (o artigo da Dra. Celeste Cardona)

O Artigo de hoje de Celeste Cardona, ex-ministra da Justiça, no DN tem a ver com os imóveis arrendados do Ministério da Justiça.

Concordo com o que diz a minha antiga patrona (sim, em jeito de declaração de interesses eu tive a sorte  o prazer de ter sido estagiário da Dra. Celeste Cardona), é necessário fazer um levantamento de todos os imóveis propriedade do Ministério da Justiça para que neles possam ser instalados serviços, permitindo assim deixar alguns imóveis arrendados que custa, segundo este artigo 38 milhões de Euros.

Por outro lado, julgo que os imóveis onde não posam ser instalados serviços do Ministério da Justiça ou devem ser arrendados para criar receita para o Estado ou vendidos, utilizando-se esse dinheiro para fazer e/ou comprar imóveis onde possam ser instalados tribunais e outros serviços.

Ao contrário dos particulares (que julgo devem arrendar em vez de comprar) o Estado deveria optar por soluções mais permanentes e em vez de arrendar, deveria comprar os imóveis, sou contra arrendamentos de edifícios para instalar tribunais ou outros serviços como o campus da justiça, não era melhor e mais útil fazer uma cidade judiciária propriedade do Estado, onde este pudesse arrendar a outros edifícios que não utilizasse, arrecadando assim receita?

Vejam lá se se entendem

Medina Carreira detesta políticos de carreira, "gente sem profissão", diz algures.

O esfusiante Bastonário da Ordem dos Advogados, ele, acha que os advogados devem suspender o exercício da advocacia quando ocupam lugares públicos - os clientes podem bem esperar quatro anos.

Já não me lembro do que acha Pacheco Pereira, mas creio que acha que isto não é bem assim, antes pelo contrário - hei-de tirar a coisa a limpo, se um dia o conhecer pessoalmente.

O BE quer reforçar os impedimentos do Estatuto de Deputado - o mundo perfeito está sempre à distância de mais um diploma.

Um paisano como eu pasma - vejam lá se se entendem.

Wacko Studies

Eu acredito muito em estudos.

Os estudos costumam ser Americanos, mas também há de outras nacionalidades.

Se eu fosse cientista gostava de fazer estudos malucos, desde que houvesse quem os pagasse.

Tenho um tio que esteve para ser cientista, era um tipo porreiro.

Os Holandeses devem andar a morrer como tordos. Diz este estudo.

É ... fazer as contas

Segundo a deputada Ana Paula Vitorino, se os preços dos transportes públicos subirem 15% os clientes vão passar a andar de automóvel privado.

Ou seja, os utilizadores têm carro; e andar de carro, pelos vistos, não é mais caro do que andar de transportes públicos se estes aumentarem de preço 15%.

" A forma de ultrapassar o problema é através do aumento da procura", considerou.

Eu sou de meu natural desconfiado: e desconfio que o PS não fez contas. E, não estivesse proibido de falar do passado, na minha qualidade de apoiante um tanto contrafeito deste governo, ocorrer-me-ia perguntar por que razão esta estratégia não foi seguida anteriormente.

Quanto às contas, recomendaria o seguinte: ir ver, nas empresas públicas de transportes, quais são os custos fixos e quais são os variáveis; projectar o aumento esperado de passageiros, o nível de investimento requerido e respectivo serviço da dívida; corrigir os custos variáveis; e verificar se o esforço do Estado aumenta ou diminui. Há por aí muito economista desempregado, é só...fazer as contas. Eu não sou economista e, de toda a maneira, não tenho vagar - menos ainda para disparates.

As diferenças entre Seguro e Assis

O Filipe Nunes do Jugular, que penso ser apoiante de Francisco Assis, procurou as diferenças entre este e António José Seguro e encontrou três: na relação entre o PS e a classe média, na linguagem, e na estratégia para as autárquicas.
1) Na relação entre o PS e a classe média, a diferença entre Seguro e Assis residirá no facto de o primeiro defender que o PS alargue a sua base para além dessa mesma classe média, e o segundo defende que o PS se recentre na classe média. E conclui dizendo que a ideia de Seguro é tendente a separar a classe média e as outras. Ora, há um vício no raciocínio do Filipe Nunes: congregar a classe média e as outras no PS, como defende Seguro, não só não as separa como as aproxima ideologicamente; a ideia de Assis, ao querer tornar o PS um exclusivo da classe média é que “guetiza” as restantes.
Creio que o que se pretenderá aqui é, como defende Seguro, envolver a classe média ao mesmo tempo que se alarga o campo do PS para outras realidades.
2) Na linguagem, o Filipe Nunes apenas fala de António José Seguro e omite Francisco Assis, censurando o primeiro por dizer que o PS é o partido da sensibilidade social, por entender que isso todos os outros partidos terão, e o que importa são as políticas sociais. Pois, mas a verdade é que não há acção política sem opção política, e a raiz da opção política de Seguro e do socialismo democrático é a sensibilidade social. Ainda no campo da linguagem o Filipe Nunes poderia ter referido as que Francisco Assis proferiu ao apelidar alguns militantes de “fantasmas” e ao lançar a suspeição sobre os dirigentes do PS.
Creio que o que se pretenderá no campo da linguagem é o convencimento das pessoas de que o PS é mesmo sensível às questões sociais e que, quando voltar a merecer a confiança dos portugueses, agirá de acordo com essa sensibilidade.
3) Na estratégia para as autárquicas, o Filipe Nunes não refere o entendimento de Seguro, mas diz que Assis defende a construção de coligações. Aqui há um vício lógico no pensamento de Assis: como é que consegue compatibilizar o entusiasmo com as coligações autárquicas com as eleições primárias abertas a não militantes para escolher os candidatos do PS? Teremos candidatos do PS escolhidos em primárias e depois afastados pela negociação da coligação? Teremos candidatos que anunciam que se coligam com o PCP e outros, concorrentes, que propõem coligação com o BE? Mas o principal problema lógico é o seguinte: para Assis é mau que haja militantes que só vão às secções para votar, e é bom que haja não militantes que só irão às secções para votar…

Creio que o que se pretenderá no campo das eleições autárquicas é que o PS possa estar preparado com as melhores propostas e os melhores candidatos. Se houver outros partidos e movimentos de cidadãos que adiram a estas propostas e tragam ideias de melhoria, óptimo!

Crónicas das horas perdidas: Que maravilha

Crónicas das horas perdidas: Que maravilha

Gostam de estar esparramados no sofá, a ver programas sobre a Natureza?
Eu gosto - e estes quase 10 minutos são do melhor que já vi.

O delírio dos neoliberais

Para o João Miranda, do Blasfémias, é uma boa notícia os transporte públicos aumentarem em média 15% porque os «utentes passam a ter incentivo para seleccionarem melhor o local onde vivem e a localização do emprego que têm».

Para o João Miranda, em Setembro teremos imensa gente a mudar de casa. Num estalar de dedos... Até parece que Portugal não tem um desemprego de 12% e que a diferença entre viver na Quinta da Marinha ou na Quinta da Fonte é apenas a vontade...

Assim se vê que para os neoliberais o mundo não passa de um gigantesco tabuleiro de "Monopólio", uma ilusão onde os seus pretensos racionalismos não passam de delírios fantasiosos.


Ler os outros: "The importance of being Euro"

"Lady Bracknell. Now to minor matters. Are your parents living?
Jack. I have lost both my parents.
Lady Bracknell. To lose one parent, Mr. Worthing, may be regarded as a misfortune; to lose both looks like carelessness.
Oscar Wilde, The Importance of Being Earnest

In this initial post, I would like to share a recurring thought. In pondering about the current crisis, I am often reminded of the above exchange in Wilde's The Importance of Being Earnest. Yes, I know that the Portuguese situation has its own very particular (perhaps even peculiar) national dimensions - just like the Greek and Irish crises have their own domestic specificities, echoing Tolstoy's oft-quoted dictum about each unhappy family being unhappy in its own way. Yet I find myself invariably returning to Lady Bracknell’s response above. To paraphrase Wilde, if losing one (Greece) could be considered misfortune on the part of the Eurozone, to lose three really does look like carelessness. With another two or three (Italy, Spain, maybe even Belgium further down the road?) edging towards the brink, it seems that Europe has yet to fully realise the political importance of being Euro."

Por Carlos Jalali, aqui.

Diferenças

Suspeita-se, em Inglaterra, do aproveitamento político por parte de Cameron de escutas ilegais realizadas por interposta "pessoa": o News of the World.

Isso basta para que, no seio do Partido Conservador, sejam cada vez mais as vozes que falam em "renúncia" do Primeiro-Ministro.

Em Portugal, o aproveitamento político de escutas ilegais (mesmo feitas em sede de processo judicial e levadas a público por cirúrgicas violações do segredo de justiça) é visto como um meio honesto de luta política.

Já começou a ida ao pote

Ao aumentar o número de governantes em relação ao Governo anterior, aumentar impostos, criar novas estruturas orgânicas na Administração Pública, e até ao aumentar as administrações em empresas públicas (a CGD passa de 7 administradores para 12), o Governo PPD/PP mostra a sua capacidade imaginação na interpretação dos respectivos programas eleitorais.

Valerá também a pena acompanhar o destino daqueles que, ao longo dos últimos anos, foram atacando o governo PS para garantir o seu próprio quinhão do pote, com especial atenção para os "ministeriáveis" que terão recusado o convite para integrar o Governo.

Stand-up Comedy de Seguro e Assis


Os candidatos à liderança do PS têm-nos divertido com as suas acções de campanha.
Seguro, chega à conclusão que os jovens de hoje não somam direitos à geração precedente. Disse-o em Julho de 2011. Seguro é o visionário que não esperamos e não queremos.
Assis mantém a linha socialista. Em momentos de crise, os portugueses precisam de ideias. E a ideia de Assis é legalizar a adopção por parte de casais homossexuais.
Se aquilo a que temos assistido for stand-up comedy, os candidatos têm qualidade. Mas não é. É discurso político vazio e demagógico.
Agora não, obrigado.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Exames da Ordem dos Advogados: retórica Vs. prática (ii)

Tive acesso ao exame de deontologia e informática jurídica de acesso à O.A.

O enunciado desta prova pública contém erros gráficos e ortográficos e coloca questões num indestrinçável e indesejável mix de deveres deontológicos com meras formalidades (e dificuldades) informáticas...

Alguém consegue ver o erro?

Titulo de noticia online do DN

CML aprova Plano de Promenor do Parque Mayer

 

Entretanto o DN alterou o titulo, corrigindo o erro.

(aditado em 21/07/2011)

 

 

Comédia trágica

O que é verdadeiramente paradoxal na crise da dívida soberana é que a tentativa da sua superação se faz pela implementação de medidas socialistas, com as quais se alimentam instituições capitalistas; e que tais medidas socialistas (baseadas em princípios de distribuição progressiva do esforço) tendem a abrir caminho sociedades convictamente liberais e assimétricas, até ao momento em que seja necessário voltar a emprestar dinheiro a quase todos para expandir a capacidade especulativa de alguns. O que é que se retira de tudo isto? Que a retórica "moral" está sempre do lado de quem financia.

Histórias de Animais

Hoje de manhã, na TSF, dei com uma "entrevista de fundo". Um jornalista, presumo que "da cultura", percorria "o segundo maior museu português" com o que me pareceu ser o seu "responsável máximo", cujo nome não consegui ouvir. O "máximo" disse que estava contente porque os taxistas "já o reconheciam como sociólogo" em lugar do que acontecia antes, quando os "taxistas só reconheciam arquitectos e engenheiros". E que tinha uma especialização em museologia. Os dois baralharam-se um bocado com a classificação de "segundo maior museu", não deixando claro se era em área, em número de visitantes, em orçamento ou em tempo de antena. Percebi que se tratava do Museu do Côa.

Deixaram cair várias informações, que me concentrei em recolher enquanto não conseguia ver-me livre do engarrafamento. Uma delas foi que "a exposição" tinha "dois momentos muito interessantes". Outra foi que "faltava cidadania". Também falaram em "orçamento insuficiente", o que me deixou intrigada porque até hoje ninguém foi capaz de calcular os custos que esta "unidade museológica" comportou. Para a região e para o contribuinte.

Mas o que mais me impressionou foi ficar a saber que as "lojas dos museus são muito importantes porque servem para a aquisição de saberes estudados". Desengane-se quem pensava que serviam para comprar canecas com "cavalinhos que não sabem nadar".